Não consigo deixar de pensar, como em todos os anos passados, que o Orçamento Participativo de Lisboa tem, na sua implementação, o seu propósito completamente desvirtuado. Que coragem tenho eu para submeter ideias do tipo "era interessante de Lisboa tivesse X", quando há lá submissões que, pela sua natureza e grau de importância, não deveriam ser sequer questionadas ou sujeitas a um processo de escolha num Orçamento Participativo? Sim, há lá ideias interessantes (e outras que nem por isso). Mas no meio delas há muitas que são coisas básicas como "a zona X não tem passeios usáveis", "é impossível chegar à zona Y em cadeira de rodas" ou "a zona Z está poluída acima dos limites legais"... e como posso eu ignorar essas?
Tenho toda a estima pelo conceito de orçamento participativo. Mas uma implementação desta só faz sentido quando feita por uma CM que tem também em conta outras coisas, básicas. Um orçamento participativo num município em que a Câmara nem cumpre os mínimos básicos (como cumprir com a legislação!) é... fogo de vista.